esta vida é uma viagem, pena eu estar só de passagem

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Querida Berenice

Querida Berenice, 
Decidi escrever pra ti mais uma vez, desculpa pela demora, é que de repente o mundo girou rápido demais e meu coração endureceu até pra te escrever um mero bom dia. As vezes esse corre corre cotidiano e a necessidade de fugir não nos deixa parar para escrever nem para quem mais amamos, os prédios e carros começam a crescer te afogando em um dia cinzento de uma seca nos preocupando com pequenos problemas que nos torna tão pequenos diante de tantos ciclos viciantes.
Minhas palavras andam tão secas com essa seca que nem fluem mais direito. Eu podia escrever sobre qualquer coisa, sobre o tempo, sobre meu próprio sumiço e minha vontade de voltar a falar contigo, mas de repente é como se o mudo tivesse se calado por um tempo, o coração pouco acelera com sentimentos vulgares e sem sentido, parece que agora tudo tem que ter um sentido. Lembra como eu costumava me jogar em qualquer ilusão de amor? Como qualquer pequenos besta sentimento tornava-se um turbilhão dentro de mim? Confesso que sinto falta de falar, ver, sentir coisas bobas e fazer que o mundo pare lá fora só para que eu pudesse escrever para ti. Acho que essa parte de mim tem sido deixada de lado ou até morreu. O que será de mim, Berenice? Sem minhas vontades impulsivas de correr para ti, de sentir saudades, de querer acordar do teu lado mesmo que ficássemos horas na cama com um travesseiro entre as pernas desejando que o mundo pare e só reste nossa vontade de sonhar e imaginar um mundo completamente diferente. 
Acho que cresci, Berenice. Acho que aquilo tudo que costumava reclamar de mim com minhas imaturidades de deixar ligações perdidas, de deixar tudo pra depois e esquecer que dia é, tem mudado. Será que você iria gostar dessa parte de mim, Berenice? Agora eu cresci e aquelas cervejas baratas de madrugada nem fazem mais tanto sentido, será que agora você reclamaria da minha ausência em casa? Dormiria por horas sem acordar agora. Talvez seja isso, tenho dormido demais, trabalhado demais, estudando demais, sei que nem parece comigo dizer isso pra ti, mas confesso que quero decrescer, quero voltar a chorar da calma de uma rede, de uma madrugada desperdiçada afim dos teus beijos frios, de uma desilusão qualquer e horas de conversa falando sobre nossos amores passados.
Desculpa por sempre falar de mim, mas é que ontem, Berenice, resolvi escrever para outra pessoa e nunca será tão acolhedor quanto enviar a ti meus desejos, anseios e medos, espero que me entenda que esses nós estão desfazendo e por aqui acaba que anda tudo bem, meio seco, sem lágrimas e poucos sonhos, talvez assim seja mais fácil.

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