esta vida é uma viagem, pena eu estar só de passagem

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Já era começo de tarde e eu estava ali, com um papel branco e uma caneta, já fazia anos que eu não escrevia um poema que prestasse. Olhei para os lados, para os carros que passavam (Já reparou nas pessoas dentro dos carros?), olhei para minha xícara de café, ouvi o barulho da cidade, que inclusive dava um tom tanto quanto melódico pra música do caetano tocando.
Tomei um gole de café esperando que aquele gole me proporcionasse uma dose de emoção, de criatividade ou no mínimo motivação para ir até o balcão pagar a conta. Foram três cafés e uma empada, isso daria uns 20 reais, 20 reais e nada escrito.
A música do tempo ressoava dentro de minha cabeça (tempo, tempo, tempo, tempo). Faz uns 5 anos que venho nesse mesmo café, já parou pra pensar tudo o que ocorreu em nossas vidas em cinco anos? Se só hoje eu senti um monte de coisas desde a hora que eu acordei, imagina em cinco anos?
Acordei, senti as dores na minha coluna, demorei uns vinte minutos pra levantar, deixei a agua fervendo do café enquanto ia ao banheiro, falei com as cachorras, me arrumei, tomei café, entrei no carro e já coloquei qualquer rock'n roll que me fizesse mais viva, ignorei um flanelinha, dei um esboço de um sorriso sem graça pra atendente do banco, fui ver minha mãe que claramente já entendeu minha nota de falecimento com o passar do tempo.
Peguei a caneta e Olhei pra frente
Olhei pra frente
Você já reparou quanto tempo faz?

domingo, 8 de janeiro de 2017

o sol ja queimava quando ela decidiu levantar, com sua boca seca e suas pernas bambas ela tentou encontrar qualquer lugar que pudesse estar em paz, ainda sobrava purpurina em seus peitos escorridos junto com o suor da noite anterior, ela se olhou no espelho e viu o brilho mais infeliz nos teus olhos. Ela sorriu pra sua dor, ela só queria ter sido amada de volta.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Querida Berenice

Querida Berenice, 
Decidi escrever pra ti mais uma vez, desculpa pela demora, é que de repente o mundo girou rápido demais e meu coração endureceu até pra te escrever um mero bom dia. As vezes esse corre corre cotidiano e a necessidade de fugir não nos deixa parar para escrever nem para quem mais amamos, os prédios e carros começam a crescer te afogando em um dia cinzento de uma seca nos preocupando com pequenos problemas que nos torna tão pequenos diante de tantos ciclos viciantes.
Minhas palavras andam tão secas com essa seca que nem fluem mais direito. Eu podia escrever sobre qualquer coisa, sobre o tempo, sobre meu próprio sumiço e minha vontade de voltar a falar contigo, mas de repente é como se o mudo tivesse se calado por um tempo, o coração pouco acelera com sentimentos vulgares e sem sentido, parece que agora tudo tem que ter um sentido. Lembra como eu costumava me jogar em qualquer ilusão de amor? Como qualquer pequenos besta sentimento tornava-se um turbilhão dentro de mim? Confesso que sinto falta de falar, ver, sentir coisas bobas e fazer que o mundo pare lá fora só para que eu pudesse escrever para ti. Acho que essa parte de mim tem sido deixada de lado ou até morreu. O que será de mim, Berenice? Sem minhas vontades impulsivas de correr para ti, de sentir saudades, de querer acordar do teu lado mesmo que ficássemos horas na cama com um travesseiro entre as pernas desejando que o mundo pare e só reste nossa vontade de sonhar e imaginar um mundo completamente diferente. 
Acho que cresci, Berenice. Acho que aquilo tudo que costumava reclamar de mim com minhas imaturidades de deixar ligações perdidas, de deixar tudo pra depois e esquecer que dia é, tem mudado. Será que você iria gostar dessa parte de mim, Berenice? Agora eu cresci e aquelas cervejas baratas de madrugada nem fazem mais tanto sentido, será que agora você reclamaria da minha ausência em casa? Dormiria por horas sem acordar agora. Talvez seja isso, tenho dormido demais, trabalhado demais, estudando demais, sei que nem parece comigo dizer isso pra ti, mas confesso que quero decrescer, quero voltar a chorar da calma de uma rede, de uma madrugada desperdiçada afim dos teus beijos frios, de uma desilusão qualquer e horas de conversa falando sobre nossos amores passados.
Desculpa por sempre falar de mim, mas é que ontem, Berenice, resolvi escrever para outra pessoa e nunca será tão acolhedor quanto enviar a ti meus desejos, anseios e medos, espero que me entenda que esses nós estão desfazendo e por aqui acaba que anda tudo bem, meio seco, sem lágrimas e poucos sonhos, talvez assim seja mais fácil.

domingo, 13 de março de 2016

Desculpe, é que eu só estava tentando sobreviver, tentei deitar em seu colo para que pudesse de alguma forma facilitar o pesar de estar aqui no agora. Não que seja sempre difícil, mas todos tem seus dias e contigo eles eram tão leves.
Me deixei levar por um colo e carinho que me fez sentir completa, mesmo que por alguns instantes, como se meu peito inflasse e entrasse algo que não havia dentro de mim em um bom tempo.
Enquanto a chuva caía em mim eu te olhava e sabia, que não havia mais nada a perder. Aquele frio e aquela água foi lavando minhas dores a ponto de não querer estar em mais lugar nenhum, se não ali, te olhando e sorrindo, mesmo que eu não pudesse mais te ter.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

"Bebe o café, muda de nome
Deixa a casa e chora
Está no leite que ferve
Está no mel do seu nome
Deixa a casa e chora

Eu acho que vem, não vem
Vou deixar você viver em paz
Sozinha
Mas quem sabe onde cabe
O amor que se faz

Você já ouviu um inseto cantar
Ouviu historias de amor
de ninar outra vez
Não quero você nem ninguém
Se não for agora

Deixa o mar varrer
Deixa cicatrizar meu nome
Se você vier
Vamos recomeçar de onde?
Deixa estar como está
Este é o nosso lugar
Mesmo quando não há um onde"
Já parou pra pensar tudo que fostes apenas no hoje?
Como se cada minuto fosse um mundo diferente.
Tive paz, ódio, rancor, tristeza,
tive você por alguns segundos e lhe vi escorrendo entre meus dedos,
Me vi morrendo.
Mas de repente, em minutos
tive esperança
reacendi em amor, em sorrisos
em dúvidas e respostas.

Agora estou aqui, nem sei mais o que sinto
nem sei o porquê escrevo pra ti
nem sei porque ainda em ti vivo,
ainda mais porque em mim já morrestes há tempo,
talvez seja isso, a cada minuto que se vai
a morte chega e se vai
e vivo pra morrer em mim, em ti
escrevo pra morte que em mim vive,
tu fostes minha morte,
meu alívio subentendido.

Plateia

C: "É a lua!"
R: "É minha irmã!"
N: "É minha mãe!"
L: "Sou eu.."

L: "Por que você esta apagando?
        Por que você esta apagando?
          Por que você esta apagando?
             Por que você esta apagando?"


F: "Você está apagando?"
P: "Sim"
F: "Não apaga não.."